sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Roda do Ano: Descrição dos Sabaths, segundo a vertente lusitana

Tempos dos Idos ou Festa dos Antepassados (Samhain)

As opiniões divergem quanto à pronúncia da palavra, aquela que reune maior concenso é Sau-Uin (Sow-ween). É a noite em que a fronteira entre os mundos fica mais fina e se pode contactar as entidades que já partiram É também o tempo em que o Deus Cornudo se sacrifica para se tornar a semente de seu próprio renascimento na Festa do Inverno (Yule). É quando os pastores recolhem o gado e o povo esconde-se em casa, fugindo da época mais escura do Inverno. A data marca o fim (e o início) do Ano Celta. Celebrada hoje em dia como o Dia das Bruxas, o famoso Halloween (All hails eve), a noite dos Tempos Idos, torna-se assim uma data também festejada pelos não pagãos.

Festa do Inverno (Yule)

É o Solstício de Inverno, a noite mais longa do Ano. A partir desse dia, o Sol aproxima-se da Terra e a escuridão do Inverno ameaça ir-se embora. É quando a Deusa dá à luz seu novo filho, o Deus renovado e forte, ainda bebé. É importante notar que no hemisfério Norte, Festa do Inverno (Yule) é comemorado na mesma época do Natal e que tem um significado muito parecido com aquele adaptado pelo cristianismo: o nascimento do Deus menino, filho de um Deus maior, aquele que trará a esperança à Humanidade.

O hábito de trazer pinheiros para dentro de casa é um hábito tradicionalmente pagão: o pinheiro, o azevinho e outras tantas árvores tão utilizadas no Natal são, árvores cujas folhas são perenes e sempre verdes e por isso, simbolizam a continuidade da vida. Os sinos são símbolos femininos de fertilidade e anunciam os espíritos que possam estar presentes.

É interessante notar que a maioria dos feriados cristãos tem alguma relação com os feriados Pagãos (por exemplo, Samhain (Tempo dos Idos), a noite de todas as almas, que se transformou em Noite de Todos os Santos), apesar de ninguém pensar sobre o assunto....

Candelárias (Imbolg)

Pronuncia-se Imbolc. Imbolg, literalmente, quer dizer: dentro do útero. O Inverno ainda não partiu, mas por baixo da neve a vida floresce e ganha força. As coisas não acontecem diante de nossos olhos, mas já lá estão, latentes, pulsando, esperando o momento certo para vir ao de cima. A Deusa (Atégina) vagarosamente recupera do parto e acorda sob a energia revigorante do Sol (Endovélico).

Esse é o também chamado Festival das Luzes, em que se acendem velas por toda a casa, especialmente nas janelas, para anunciar a vinda do Sol e mostrar ao menino Deus o seu caminho. É a comunhão entre o o humano e o divino.

Festa da Fertilidade (Equinócio de Primavera)

Pela primeira vez no ano o dia e a noite são iguais. É, portanto, uma data de equilíbrio e reflexão. Os dias escuros partem e a terra está pronta a ser plantada. É quando o Deus e a Deusa se apaixonam e deixam de ser mãe e filho. Nesta data, a semente da vida é semeada no ventre da Deusa, a Donzela revigorada e cheia de vida e alegria.

O Deus é devidamente armado para sair na sua viagem ao Mundo das Trevas e reconquistá-lo, para que posteriormente a luz volte a reinar.

Festa das Maias (Beltane)

Feriado oposto a Samhain tanto em data quanto em significado. É o Sabate da fertilidade, em que se celebra o casamento dos Deuses. As Fogueiras de Maio (no caso do hemisfério Norte) são acesas, e os Postes de Maio levantados. É uma festa alegre, em que as mulheres usam coroas de flores e todos dançam ao redor das fogueiras. Agradecemos pelo fim da metade escura do ano e pelo início da época de luz. Abrimos o nosso coração para a comunidade e nossas vidas voltam-se para a mesma.

O mundo já pertence ao Deus Sol, e a metade Luz do ano tem início.

Esse foi um dos primeiros feriados a ser destituído pelos Cristãos, que viam nas celebrações sexuais somente o pecado e as entendiam como uma ofensa ao seu Deus. Talvez os padres não soubessem que o amor sob vontade é o maior dos rituais, a mais grandiosa das celebrações à vida, à alegria, à Natureza e, portanto, aos Deuses.

Festa da Vida (Midsummer)

Esse é o ápice do Verão, quando o Deus e a Deusa se encontram em plena juventude e com toda a energia da vida ascendente. Na noite de Midsummer (o Solstício de Verão ou Festa da Vida) fadas, duendes e toda a sorte de elementais correm pela terra, celebrando o fervor da vida. A data era comemorada nos tempos antigos geralmente com jogos e festivais. O corpo e o físico são reverenciados nesta data.

Festa da Cornucópia (Lughnasadh)

Este é o primeiro dos três Sabates da colheita. O Deus já dominou o Mundo das Trevas e agora passará por leves mudanças: o seu poder declina subtilmente com o passar dos dias. Por isso, o honramos e agredecemos pela energia dispensada sobre as colheitas.
O dia é commumente associado a Lugh, o Deus Celta do Sol. Na Tradição Ibérica evoca-se Endovélico.

Festa das Colheitas (Mabon)

Este é o segundo dos feriados da colheita (sendo o Samhain (Tempo dos Idos) o terceiro). A fraqueza do Deus já se faz sentir e as plantações vão aos poucos desaparecendo, enquanto os celeiros se enchem. Derrama-se leite sobre a terra para agredecer pela fertilidade e bondade de Gaia. Agora, nos fechamos e os nossos corações voltam-se para nós mesmos.

O período negro do ano aproxima-se aos poucos. É uma data especial para evocarmos espíritos familiares, guardiães e antepassados para pedir sua ajuda e aconselhamento no período mais negro da Roda, que em pouco tempo se fará presente.



As datas dos Sabaths (Hemisfério Norte)

Samhain - Tempos dos Idos - 31 de Outubro
Yule - Festa do Inverno - 21 deDezembro
Imbolg - Festa das Candelárias - 1 de Fevereiro
Equinócio da Primavera - Festa da Fertilidade - 21 de Março
Beltane - Festa das Maias - 1 de Maio
Midsummer - Festa da Vida - 21 de Junho
Lughnasadh - Festa da Cornucópia - 1 de Agosto
Mabon - Festa das Colheitas - 21 de Setembro

Como podem ver e de certeza que é do vosso conhecimento, o dia 1 de Agosto aproxima-se, com a Festa da Cornucópia.

A Cornucópia simboliza a generosidade da Mãe Natureza, da Deusa, que nos dá sustento abundante. Portanto, é o simbolo tradicional da abundância e da boa colheita, para não falar na riqueza.

O chifre é um símbolo fálico, representante do Deus. É o lado exterior da cornucópia e o lado interior simboliza o útero, que trás em si a generosidade da terra fértil. Representa a Deusa.

No dia 1 de Agosto, é muito apropriado utilizar este símbolo nos nossos altares ou nas mesas. Para isso devemos fazer a nossa Cornocópia, mas se não poderem fazer a vossa, podem sempre comprar uma já feita, desde que depois lhe confiram energia e a consagrem para o efeito.

Encham o chifre com frutas, flores, grãos, moedas, ou com outras coisas, que para vocês representam a abundância, de forma que elas sejam derramadas sobre o Altar. Podem também adicionar outros simbolos mágicos da vossa preferencia, como por exemplo,folhas de carvalho, bolotas, avelãs, cartas de Tarot, Runas, etc.

Lembrem-se que o principal de tudo, é a nossa energia e a nossa intenção. É isso que dá poder aos objectos e nos permite alcançar o objectivo que se pretende.
Druidiza

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