quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Imbolg: A Festa das Candelárias

Início da Primavera no calendário celta
Meio do Inverno no calendário astronómico

Data de Celebração: 1/2 de Fevereiro
Elemento: Terra/Ar
Quadrante: Nordeste
Signo: Aquário
Trabalho Rural: Tempo de lavrar a terra, cortar lenha para a lareira da casa uma vez que continua a fazer muito frio, fazer a poda dos vinhedos e plantar árvores de fruto.

Imbolg é o nome tradicional de origem gaélica desta festividade pagã. Significa "dentro do ventre" e remete-nos para o significado do Sol-Menino, saído do ventre da Grande Mãe para aprender as artes, tal como Ísis instruiu Hórus menino, amamentando-o e ensinando-lhe a arte de bem guerrear. Nesta perspectiva, Imbolg relembra-nos as antigas festividades romanas, as Lupercálias, nas quais se honrava a Loba, aleitadora de Rómulo e Remo, fundadores da Roma antiga. O leite era encarado como a substância nutriente do Sol Infante, a sabedoria sob forma de luz líquida. Não seria de admirar que, mais tarde, esta festividade fosse rebaptizada pelo Cristianismo como "Candlemas" (a Missa das Velas), pois que se trata de uma festividade honrando a Luz da Mãe Divina.

A Lua surge como a Deusa Portadora da Luz às trevas da nossa Alma, como a Brígida, a Deusa Tripla da Inspiração. Brígida é a Deusa Guardiã do Fogo. Trata-se do Fogo que desencadeia a inspiração poética, que cura os males do corpo e da alma e que na forja cria e molda a charrua, a enxada, a roda, e muitos outros instrumentos de agricultura. É, portanto, não um fogo celeste como o do sol mas um fogo ctónico, interno, que age dentro do corpo e da terra. Por isso Imbolg quer dizer "do ventre", e refere-se ao poder de criação interna da matéria, de germinação terrestre.

Em Portugal, a festa das Candeias não deixou rastos significativos no imaginário popular. Resumia-se a uma procissão à volta da aldeia, sempre constituída de mulheres com candeias na mão e que pela sua aparência faziam lembrar pequenas tochas. As candeias acesas durante a noite lembram a luz da Lua, a Brida que protege e acolhe o filho no seu leito nocturno. Por este motivo, nesta época do ano, abençoam-se as charruas que vão lavrar a terra na próxima Primavera e corresponde, na simbologia wiccana, à entrega das armas litúrgicas ao Deus Sol para ele crescer e se autonomizar: o cálice do amor e da cura, a espada do guerreiro e conquistador, a vara do poeta e profeta.

Existe ainda hoje o costume de vaticinar o tempo, dependo de como se passe o dia de Candelária. A versão cristianizada da Grande Mãe, a Senhora da Luz, tornou-se enraizada na cultura portuguesa como profetiza do tempo durante a Primavera. É hábito ouvir-se: "Se a Senhora sorrir, muita chuva está p’ra vir! Se a Senhora chorar, o Verão está a chegar!". É curioso como este hábito de profetizar a meteorologia se estendeu por toda a Península Ibérica e mesmo pelo norte da Europa, onde o dia 2 é também um dia de observância das condições climatéricas, mas desta feita na figura animal da marmota.

Em muitas regiões, o Dia de Nossa Senhora das Candeias marca o início do Carnaval, uma espécie de grande Saturnália que foi puxada de Dezembro, no antigo calendário romano, para pouco antes da emergência da Primavera. Nesta altura as trevas ainda predominam, pelo que a força solar está ainda muito dependente da noite maternal e dos seus vínculos animais. Por isso, o Carnaval vem celebrar e despedir-se desta imagem maternal e acolher a Primavera que se antevê no crescendo dos dias. É o tempo em que a mãe se torna donzela e o Menino Sol cresce em força e exuberância. Relacionado com esta perspectiva de Sol-Menino, existe em Portugal um rito agrário muito interessante e belo nesta altura do ano em que se começam a lavrar os campos, e que é solidário da ideia de propiciação sexual da terra, tal como está subentendido na liturgia wiccana da «cama de Brida»: no Minho, em muitas aldeias, é escolhido o rapaz mais forte para lavrar a terra e puxar os bois que são adornados de fitas coloridas. Ele é acompanhado pelo som das castanholas das mulheres, enquanto incita os bois à marcha: EH BOHI, EH, EH BOHI (muito semelhante ao EVOHE)!


Símbolos no Altar e no Ritual: A vassoura, a coroa de luzes, as cruzes de Brígida, a vara fálica, fogueiras sagradas, a máscara de cervo ou outra alusiva ao Deus e própria do Carnaval, velas ou tochas consagradas, flores amarelas e brancas.

Cores das velas: marrom, rosa, vermelha.

Ervas e Frutos: referem-se às ervas que florescem nesta época como o alecrim, a angélica, os cravos brancos, o manjericão, louro, benjoim, queledônia, urze, mirra e todas as flores amarelas.

Pedras e Gemas: pedras que dão força e coragem para vencer obstáculos como o olho-de-tigre e a carnélia, ou pedras límpidas que atraiam a luz do espírito na matéria como o diamante e o quartzo branco. Também são usadas a ametista, a granada, o ônix e a turquesa.

Tipo Apropriado de Magia: feitiços com imagens, encantamentos de amor com imagens, magia de velas, operações de limpeza, iniciação mágica.

Incenso de Imbolg: Num almofariz pulverize as resinas e ervas e junte depois tudo numa mistura passível de ser moldada com os dedos na confecção de cones ou paus de incenso. Para agregar os elementos e transformá-los numa massa utilize goma-arábica.

6 partes de carvão litúrgico;
2 partes de resina de pinheiro;
1 parte de olíbano;
2 partes de óleo de cedro;
1 parte de óleo de eucalipto;
1 parte de essência de limão;
1 parte de verbena;
1 parte de tomilho bela-luz, 1 parte de jasmim;
1 parte de angélica;
10% do peso da mistura obtida em nitrato de potássio.

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