segunda-feira, 20 de março de 2017

A Magia dos animais no Druidismo

 Animais de Poder

Trabalhar com animais de poder é uma característica central do Xamanismo e podemos encontrar inúmeros elementos xamânicos intricados na filosofia e na prática do Druidismo.

Michael Harner, uma autoridade mundial em Xamanismo, fala do caminho xamânico como algo que se poderia definir como um método para abrir uma porta e entrar numa realidade diferente. Uma parte significativa da cerimónia e da meditação Druídicas tem como objectivo viajar até outras realidades, bem como a palavra “Druida” se relaciona com palavras que significam “carvalho” e “porta” – sendo que o símbolo da porta ou portal é central nos ensinamentos Druídicos.

Joseph Campbell, o grande mitógrafo, mostrou-nos que existe um conjunto de características que distingue a arte de um xamã. Estas incluem: a dança ritual, a posse de uma vara ou bordão, a dança extática, o uso de uma vestimenta animal, a identificação com um pássaro, veado ou touro, tornar-se senhor dos animais de caça e das iniciações e o controlo de um animal mágico ou “familiar”. Na literatura druídica, existem vestígios de possíveis danças rituais nas antigas danças folclóricas e existem numerosas referências às varas e bordões druídicos e a estados alterados de consciência ou de êxtase. Todas as restantes características mencionadas por Campbell relacionam-se com animais e todas estão presentes na tradição druídica. Já abordámos o uso de trajes animais, tais como o veado ou o pássaro. Os druidas eram muitas vezes identificados com animais: eram apelidados de víboras ou leitões, dizia-se que tinham o “conhecimento do grou, do corvo ou do pássaro” ou recebiam nomes como Mathgen, que significa Nascido-de-Urso. Os veados e os touros são particularmente importantes no Druidismo – o veado é um mensageiro do Outro Mundo, montado pelo sábio Merlin, e o touro é sagrado ao deus Taranis, o beneficente deus do céu, do trovão, do relâmpago e do carvalho. O touro tem uma presença proeminente na música sagrada do Druidismo – eram ritualisticamente usados chocalhos de bronze com forma de testículos de touro, assim como cornos de bronze, que foram encontrados um pouco por toda a Grã-Bretanha e Irlanda, que muitas vezes se assemelham a cornos de touro. Estes últimos, quando tocados com o método de respiração circular usado pelos tocadores de didgeridoo, soam como o bramir dos touros. Encontramos a imagem do “senhor dos animais de caça” na iconografia e na literatura celtas. Podem ser vistas imagens de Cernunnos ou do Senhor da Caça tanto na Grã-Bretanha como em França e a imagem avassaladora do senhor de todos os animais aparece no Mabinogion galês. Por fim, o controlo de um animal mágico ou familiar relaciona-se habitualmente com um atributo da bruxa no folclore britânico, sendo a lebre, a rã e o gato citados como os familiares mais comuns. Existem muitas ligações históricas entre o Druidismo e a Bruxaria.

O Outro Mundo Celta

Um ponto central na mundivisão druídica é a crença de que o mundo material em que vivemos corresponde apenas a um nível ou plano de existência. Por detrás e para além deste mundo fica o Outro Mundo, o mundo dos poderes e das potências, dos espíritos e das forças que nos podem guiar e ajudar, se simplesmente conseguirmos reconhecer a sua existência e aceitar a sua realidade.

Os animais, em particular, são reverenciados pela sua capacidade de estabelecer uma ponte entre estes dois mundos. Eles podem trazer-nos mensagens do Outro Mundo e agir como nossos guias nesse reino, quando nos despojamos dos nossos corpos na morte. Porque eles têm simultaneamente uma forma espiritual e uma forma física, podem ser os nossos guardiães e protectores, mesmo quando não estão fisicamente presentes. Embora cada animal tenha o seu próprio caminho para o Outro Mundo, um estudo dos animais aqui descritos neste Oráculo irá demonstrar que eles formam determinados grupos que se adequam particularmente a certas funções: alguns são mais adequados como guardiães e protectores, outros como curandeiros, guias, professores, transmutadores de forma ou familiares. Pode encontrar um guia relativo a estas diferentes categorias na página 163 d'O Oráculo Animal dos Druidas. É interessante reparar que a grande maioria destes animais são considerados sagrados à Deusa.

In "Oráculo animal dos druidas"

Sem comentários:

Enviar um comentário